6/15/2009

Livro-Objeto Multimídia ou Livro Multimídia Hipermidiático?

As discussões acerca das classificações das narrativas na web não são de hoje. Para engrossar o angu, vamos colocar em pauta 3 termos que usamos muito durante nosso projeto e que parecem hoje estar dentro do contexto de "agulha no palheiro", ou melhor (ou nem tão melhor), na REDE. Os termos serão: Livro-Objeto, Multimídia e Hipermídia.

Primeiro: Este (da figura) é um exemplo comercial do que podemos chamar de Livro-Objeto. O livro foi encontrado na lista dos melhores do ano de 2008 pela revista Crescer, ou seja, encontra-se classificado entre os "infantis".

Da editora Cosac Naify, é um objeto livro e um livro-objeto, ainda que "apenas" em papel, não deixa de ser de certa forma "multimídia" - aqui o segundo ponto.

R$ 35,00; capa dura;
48 pp.; 26,4 x 17 cm;
978-85-7503-263-3; 5.000 exemplares

de Peter Newell

Tradução: Alípio Correia de F. Neto

O formato inclinado deste livro nos dá uma pista do que o leitor irá encontrar ao abri-lo: um carrinho de bebê foge desgovernado ladeira abaixo, causando uma grande desordem por onde passa - atropela a moça que carrega uma cesta de ovos, derruba um pintor do alto de uma escada, passa pelo meio de dois homens com uma vidraça... Peter Newell marcou época na literatura infantil como precursor do livro-objeto, cujo formato traduz a ação da história. As ilustrações, que acompanham a linguagem rimada e divertida, lembram Nova York do começo do século XX, com forte inspiração nas telas de Hopper. Escrito em 1910, chega às livrarias em edição fac-similar. Um deleite para crianças de todas as idades.

E é por pensar que muitas coisas são multimídia, por extrapolarem o que o suporte tenderia a abarcar, que agora estamos em um impasse: será que um livro (mesmo que um livro-objeto já carregue esse sentido), pode ser tido como apenas multimídia? Será que multimídia não é pouco para as possibilidades que a web permite?

O processo "prossegue". As dúvidas vem. Ir não tem mais assento. Quer dizer, acento circunflexo. Temos que tomar cuidado para não nos fechar nos nossos círculos circunflexos de pesquisa e não pensar no que parece estar bem no nosso nariz.

O livro-objeto que propomos é multimídia e hipermidiático - nosso terceiro termo. Mas será que dizer tudo isso não é muito? Talvez pelo fato de ser um livro-objeto, ele não precise se dizer hipermidiático, pois a expressão consiste justamente em extrapolar o suporte, ou no mínimo, de usar as possibilidades que ele dispõe.

Uma das possibilidades da web é justamente a multimídia, então pra quê chamar o livro-objeto na web de multimídia? Quer dizer, isso foi logo com o computador... Mas o suporte isolado, depois que se desenvolveu através da ligação em rede entre esses computadores se tornou também hipermídia.

Os conceitos se entrelaçam e, acreditem!, não há uma convenção tão clara nessa rede... O que mais incomoda é que pensar em ciência é pensar em parcimônia, e assim eu diria que a experiência é fazer "apenas" um livro-objeto. Mas se não esclarecermos aos nossos orientadores que vamos fazer um livro-objeto multimídia na web (ou seja, hipermidiático), a experiência simplesmente fica no primeiro round, nocaute na criatividade, e "por que vocês não estudam um livro em vez dessa doidera toda?"

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